quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Poema "Amar-dilhas"

                                                  Amar-dilhas
  por Wesley Claudino - 05|11|2015



Entrei em um edifício com vários andares, onde não sei dizer quantos andares existem.
       Estou agora cercado por muitos mistérios.
       Cheguei ao alto, mas às vezes preciso descer, neste momento é que me percebo na cobertura.
Nesta altura encontro brinquedos se despojando ao meu lazer, preciso divertir-me com eles, porém sem danificá-los, mesmo quando alguns proporcionem armadilhas que me levem a isto no exato instante de sair e momentaneamente não mais querer.
São todos coloridos aos meus olhos, sinto prazer e receio que se dali deverei ou poderei sair, pois depois talvez não mais os tenha.
Nisto percebo que estou no topo de tudo, e que tal diversão está emaranhada de armadilhas, que me levam a ficar perdido por entre elas.
Meu corpo cossa cheio de pulgas tento pegá-las com a ponta dos dedos e esmagar uma a uma, e quanto mais isto faço, mais aparecem, é como se brotassem em minha pele.
Então sua voz vem aos meus ouvidos dizendo que devo deixar que suguem tudo que há em mim, pois logo chegará um antídoto... Nisto relaxo, e o desassossego passa, porém canso-me de brincar, resolvo sair deste parque de diversões que aos meus olhos se enche de cores, é quando descubro que este lugar se encontra alojado nas profundezas da cobertura que agora hábito, a saída existe, ela é íngreme, e na desistência danifico
alguns brinquedos, volto tento consertar e não consigo, mas prometo que o farei, pois sinto a necessidade e o prazer de ali habitar para sempre, acho que encontrei novamente um lugar, um local que dá excitação de viver.
Facilmente aceito ali conviver, não por sentir que será melhor e fácil, mas por poder ficar perto de objetos, pessoas, emoções positivas. Então com a sensação de infinidade, prometo que regressarei.
Vou até a porta de entrada, descubro-a destrancada, pego alguns objetos que estão colocados do lado de fora, nisto soa aos meus ouvidos uma voz dizendo que nada será nosso. 
Então devolvo.
Vejo também uma coisa se aproximando parecendo que deseja tirar o meu sossego, me tolher, e forçar a ser infeliz, mas pelos espaços abertos enfio a mão e braço, alcanço a chave do lado de fora, pego-a e tranco a porta, sentindo liberdade nesta cobertura onde encontro tudo necessário para minha felicidade. Agora a porta já trancada impede que o mal me alcance, vejo que do lado de fora ele fica atento, porém já não pode mais entrar, já devolvi tudo que não era meu, não mais preciso destes utensílios, preciso sim dos seus lábios, do seu seio que me aquece, dos seus olhos quando observam e de sua voz a impulsionar meu progresso. 
Depois neste assossego, desejos de ir mais adiante me impulsionam a continuar descobrindo novos caminhos, deparo-me no altar de algo que momentaneamente também me aprisiona, agora com tanta necessidade de ir para fora à busca de não sei o quê, mas que lá fica a minha espera, pronto a me servir.
Logo abro a porta e tento te seguir, a descida é mais perigosa, pois preciso estar com olhos abertos sem para baixo mirar... Se o fizer ficarei tonto e cairei, preciso tatear cada degrau e ser cuidadoso para não cederem ao meu peso e eu as sua fragilidades, estou incerto onde pisar, olho pra baixo e quase desabo, num súbito miro para o alto e descubro que não poderei vacilar.
Lembro-me do nosso ninho divertido onde depois quererei retornar, agora nesta descida e procura de algo que nos espera continuo o trajeto sem querer saber, pois descobri que tenho armas a me defender, sei que junto contigo estarei forte, protegido de tudo, não preocupo se a porta ficará aberta ou fechada, sinto até certo momento de prazer quando os bichos me lambem, são cocegas que me alertam; suas mordidas não ferem mais, estou imune aos seus venenos.
Oh como é bom saber que descerei estes frágeis degraus sem ter o receio de nunca mais os trilhar para de novo subir, estou livre, posso já neste instante jogar-me do alto, pois você ensinou-me o segredo de voar. 
Retorno até a porta de entrada, e fico observando nosso reino. Na verdade tenho a intuição que ele seja uma fantasia a me levar ao seu encontro, e já sabendo que não mais preciso de nada disto entrego-me a ti, pois juntos poderemos plasmar qualquer desejo, vontade e realidade.

                                    

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