quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

POEMA "Silenciosamente temporários ou Temporariamente silenciados"

                        Silenciosamente temporários ou Temporariamente silenciados
por Wesley Claudino - 08/12/2015






Quando ao meio da multidão não consigo ouvir o silêncio das pessoas, pois ficam sempre a falar algo, murmurando palavras.
 Outras remoendo seus medos ao meio de seus pensamentos, talvez escapem desta agonia que percebo.
Nas ruas ouço o barulho do trânsito dos carros em velocidades diversas, vejo seres apressados pensando em ganhar mais tempo à procura de refrear e conter o que não mais lhes pertencem. 
          Mas quando melancólicos, desejamos que o tempo termine logo. 
Penso que seja pelo receio de não darmos conta de satisfazer-nos e de controlar o escasso tempo. 
 Alguns quando estão atrasados exclamam: nossa como o tempo passou rápido, precisava de um pouco mais de tempo!
Assim neste burburinho, procuro ficar em silêncio. 
No silêncio me calo diante dos meus próprios medos. Medo que também me impulsiona a crer ter necessidade de realizar algo dentro de um tempo que não para de passar.
Nestas pausas e súbitos subterfúgios contamos nossas moedas na esperança que elas se multipliquem. O ouro que vai para outras mãos, certamente não poderá comprar qualquer paz de espírito, e muito menos o tempo que se foi.
Neste ciclo de permutas vivemos comendo, andando, cagando, e correndo a procura de mais tempo.
 Nisto vamos usando de nossas horas para trabalhar e ganhar mais dinheiro, pensando nos satisfeitos, juntamente com nossas egoístas vantagens sobre nós mesmos.
Enquanto isto, o silêncio tal, nunca chega tão perto da gente, pois o tempo já passou. 
Assim vamos criando cada vez mais rugas no corpo, embrutecendo nossas almas. 
Ah o tempo que temporariamente habita o seu próprio tempo...
Ah o tempo que silenciosamente habita o seu próprio tempo...
Ah o silêncio que silenciosamente habita o seu próprio silêncio... 
Ah o silêncio que temporalmente habita o seu próprio silêncio...
Ah o silêncio que silenciosamente habita o seu próprio tempo...
Ah o silêncio que temporalmente habita o tempo, tomem conta de mim.

                                            

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