Conta uma lenda que Deus criou dois seres para amarem, e
completarem-se por toda existência.
Porém não haviam se encontrado, e isto proporcionava algo
neles que não sabiam o que era.
Um vivia do que o destino lhe supria pelas vontades de
outros seres.
O segundo a fazer artesanatos com folhas de palmeiras.
O vivente das benesses, certo dia descobriu que poderia voar
então alçou voo à procura do que encontrar, pois carente se achava.
Quando encontrou sua cara metade se declarou, relatando que
seriam felizes juntos, pois além de voar era igual ao espelho que mostra o
visível diante de si.
O dinheiro escorria por entre seus dedos, pois não se
apegava a materialidade.
Amaram-se a viajar por vários lugares.
Porém certo dia o artesão com suas unhas grandes e fortes
que ficaram de tanto desfiar as folhas de palmeiras ainda verdes, encontrou um
sujeito a lhe propor sociedade, este se sentiu atraído e quis fincar raízes
naquele lugar.
Mas o transparente disse não, que o amava e gostaria de
seguir viagem, pois outras paragens os aguardavam.
O artesão não quis ouvi-lo e disse que iria ficar.
Solitário o companheiro foi se embora, a outras almas buscar,
levando na bagagem muita dor e o que aprendera nesta convivência.
A única força positiva que levou foi à confiança que herdara
de Deus.
Conta-se que depois de algum tempo, houve uma seca enorme naquele
lugar passado, que nem uma folha de palmeira a balançar no ar sobrou.
Assim o artesão já não conseguiu sobrevir com o seu trabalho
e morreu, juntamente com a ganância que era o sujeito que se apresentara como
algo bom e duradouro para ambos.
Com este relato fica a certeza que havemos de existir como
os dois seres, tendo mãos ágeis a trabalhar, sermos desprendidos da
materialidade, nos doando ao amor.
E acima de tudo analisar e procurar saber exatamente onde
ficar sempre que precisar, para que assim possamos vir a sermos transparentes e
irmos ao encontro do que nos deixam felizes, para também nada do que seja
suficiente venha a nos faltar.
04-04-2012 "Pescador"
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